fuçando arquivos antigos
V – Orbitando
18/12/1o(((×¢
Funcionando na base do pito e do pileque.
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Metafísica física. É isso aí. É sobre isso que eu escrevo. Pirações que se concretizam e ficam maiores. Coisas que existem sem material algum.
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Brigo com as drosófilas na minha casa, numa guerra declarada pela cerveja e pelo vinho.
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Chego no meio do redemoinho e penso no que é que eu estou fazendo aqui. Eu não era para estar aqui, mas estou. E aqui, onde é? O fundo da segunda garrafa de vodka em três dias. Toujours ivre e toda alma resumida na fumaça da guimba.
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Lembrei do Tite de Lemos, que eu não conheci, mas li nos oitenta.
Eu o imagino – ele já morreu – feito um carioca branco, em Botafogo como em França, classe média de botequim, que entre um trago e outro se apaixona por todos os sonetos do mundo, por uma fórmula.
Parece que estou criticando, mas isso é uma mania: eu sou fã do Corcovado Park, das figuras digitadas pré-computador, no bicolor preto-vermelho mengão de parênteses ((((((( e parágrafos §§§§§§§§.
Ninguém o conhece. Pergunto pelo poeta Tite de Lemos na rede e é um tal de não sei quem é. Artista da máquina de esquecer, do fumar um e sujar a folha branca com a tinta da fita pós-alexandrina.
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Soneto do sono. A primeira coisa que eu fiz guri, que eu me lembre, foi um soneto, coisa de velho, mas respirava o miasma punk da época, e era mais ou menos assim:
NA LUTA
Na luta, enluto a razão
e feito um lunático sem tato
esqueço da causa do fato
para a loucura dar vazão
No decorrer desse ato,
vejo-me a fugir feito um rato
da terrível constatação:
eu sinto, pelo ódio, paixão
Mas nessa época de tantas novidades,
no que difere um beijo na boca
de um soco no queixo?
Na fissura da luta, não enluto a paixão
mas só a percebo por um breve momento
como na curta duração de um simples beijo